Darwin observou espécies de borboletas no auge da revolução industrial na Inglaterra. Ele descobriu que as árvores ficavam com troncos mais escurecidos por causa da fuligem das fábricas, e neste contexto uma espécie de borboleta que tinha as asas mais escuras usava os troncos mais escuros das árvores para se clamufar. Obviamente esta espécie se tornou mais numerosa e sobrepujou as outras espécies de borboletas em sua época.
Esta observação de Darwin foi um dos estudos que levou mais tarde a formulação da "Seleção Natural" que depois se desenvolveu na "Teoria da Evolução".
A ideia de seleção natural surgiu desta observação, Darwin pode constatar que "o mais adaptado é o que sobrevive".
Mas surgiu o senso comum (que é um mito), de que Darwin afirmou que "o mais forte sobrevive", quando ele nunca disse isso, é o mais adaptado.
Com base nisso, vamos pensar em duas questões.
De onde veio a ideia de que "é o mais forte" que sobrevive quando não foi isso que Darwin disse.
E qual a diferença entre dizer "o mais forte", ao invés de dizer "o mais adaptado."
Darwin publicou o seu estudo em 1859 no livro "A Origem das Espécies", e mesmo que esta nunca tenha sido sua intensão, ele acabou por fomentar vários pensadores e pesquisadores que tendiam para o ateísmo.
Esta febre de evolucionismo e ateísmo chegou até a Alemanha aonde encontrou o filósofo Arthur Schopenhauer, este por sua vez influenciou o mais famoso e maior filosofo alemão moderno Friedrich Nietzsche.
Nietzche que havia nascido num lar luterano, e que na infância pensava em ser pastor quando crescesse, nos seus primeiros livros já revelava muitos questionamentos sobre Deus e as práticas religiosas, ficou tão envolvido pelos pensamentos evolucionistas que no seu último livro "O Anticristo" publicado em 1900, afirma que a religião cristã e sua mensagem de compaixão fazem mal e prejudicam a evolução natural, pois se o mais forte que sobrevive, ter compaixão pelos fracos é o mesmo que atrapalhar a seleção natural.
Nietzche passa a dizer que o homem evoluído será aquele que superar a ideia de Deus, negando a compaixão pregada pelo cristianismo, para dar lugar a e evolução aonde o mais forte sobrevive.
A filosofia de Nietzche foi muito aceita pela elite dominante no capitalismo emergente, pois nada melhor para um capitalista que uma teoria que respalde suas práticas selvagens de mercado.
O que Nietzche fez foi uma releitura de Darwin a luz da filosofia existencialista, e foi ele que plantou a ideia de que o mais forte sobrevive.
Curiosamente o senso comum equivocado é atribui a Darwin esta ideia.
Mas Darwin não falava em mais forte, falava em mais adaptado.
Quando pensamos em força, pensamos em brutalidade, violência, agressividade. Por isso Nietzche negava a compaixão.
Mas Darwin falou de algo bem diferente.
Adaptar-se é saber identificar as mudanças e conseguir se adequar a elas, adaptar-se é, como diz o dito popular, dançar conforme a música.
Adaptação não tem a ver com força, mas com criatividade, com maleabilidade, versatilidade.
É conseguir entender a dinâmica da vida e trabalhar em sintonia com ela.
Sendo assim, não é o mais forte, o mais violento, o mais voraz, o mais agressivo que se sobressai.
Quem vai conseguir vencer na guerra pela sobrevivência é o mais criativo, mais versátil, o mais sintonizado com o seu tempo.
Este sim é o Darwinismo verdadeiro.
Marcus Azen
muito bom o texto
ResponderExcluirCreio que adaptação ,força, inteligência,sagacidade ou seja, tudo que contribui para a preservação da espécie,fazem parte do mesmo pacote.
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