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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Não é o mais forte, é o mais adaptado

Quando o assunto é Charles Darwin existe um grande erro. Atribuímos a Darwin a frase que "os mais fortes sobrevivem". Mas Darwin nunca disse isso.
Darwin observou espécies de borboletas no auge da revolução industrial na Inglaterra. Ele descobriu que as árvores ficavam com troncos mais escurecidos por causa da fuligem das fábricas, e neste contexto uma espécie de borboleta que tinha as asas mais escuras usava os troncos mais escuros das árvores para se clamufar. Obviamente esta espécie se tornou mais numerosa e sobrepujou as outras espécies de borboletas em sua época.
Esta observação de Darwin foi um dos estudos que levou mais tarde a formulação da "Seleção Natural" que depois se desenvolveu na "Teoria da Evolução".
A ideia de seleção natural surgiu desta observação, Darwin pode constatar que "o mais adaptado é o que sobrevive".
Mas surgiu o senso comum (que é um mito), de que Darwin afirmou que "o mais forte sobrevive", quando ele nunca disse isso, é o mais adaptado.
Com base nisso, vamos pensar em duas questões.
De onde veio a ideia de que "é o mais forte" que sobrevive quando não foi isso que Darwin disse.
E qual a diferença entre dizer "o mais forte", ao invés de dizer "o mais adaptado." 

Darwin publicou o seu estudo em 1859 no livro "A Origem das Espécies", e mesmo que esta nunca tenha sido sua intensão, ele acabou por fomentar vários pensadores e pesquisadores que tendiam para o ateísmo.
Esta febre de evolucionismo e ateísmo chegou até a Alemanha aonde encontrou o filósofo Arthur Schopenhauer, este por sua vez influenciou o mais famoso e maior filosofo alemão moderno Friedrich Nietzsche.
Nietzche que havia nascido num lar luterano, e que na infância pensava em ser pastor quando crescesse, nos seus primeiros livros já revelava muitos questionamentos sobre Deus e as práticas religiosas, ficou tão envolvido pelos pensamentos evolucionistas que no seu último livro "O Anticristo" publicado em 1900, afirma que a religião cristã e sua mensagem de compaixão fazem mal e prejudicam a evolução natural, pois se o mais forte que sobrevive, ter compaixão pelos fracos é o mesmo que atrapalhar a seleção natural.
Nietzche passa a dizer que o homem evoluído será aquele que superar a ideia de Deus, negando a compaixão pregada pelo cristianismo, para dar lugar a e evolução aonde o mais forte sobrevive.
A filosofia de Nietzche foi muito aceita pela elite dominante no capitalismo emergente, pois nada melhor para um capitalista que uma teoria que respalde suas práticas selvagens de mercado.
O que Nietzche fez foi uma releitura de Darwin a luz da filosofia existencialista, e foi ele que plantou a ideia de que o mais forte sobrevive.
Curiosamente o senso comum equivocado é atribui a Darwin esta ideia.

Mas Darwin não falava em mais forte, falava em mais adaptado.
Quando pensamos em força, pensamos em brutalidade, violência, agressividade. Por isso Nietzche negava a compaixão.
Mas Darwin falou de algo bem diferente.
Adaptar-se é saber identificar as mudanças e conseguir se adequar a elas, adaptar-se é, como diz o dito popular, dançar conforme a música.
Adaptação não tem a ver com força, mas com criatividade, com maleabilidade, versatilidade.
É conseguir entender a dinâmica da vida e trabalhar em sintonia com ela.

Sendo assim, não é o mais forte, o mais violento, o mais voraz, o mais agressivo que se sobressai.
Quem vai conseguir vencer na guerra pela sobrevivência é o mais criativo, mais versátil, o mais sintonizado com o seu tempo.
Este sim é o Darwinismo verdadeiro.

Marcus Azen


2 comentários:

  1. Creio que adaptação ,força, inteligência,sagacidade ou seja, tudo que contribui para a preservação da espécie,fazem parte do mesmo pacote.

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