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domingo, 30 de março de 2014

O Oráculo de Delphi - Conheçe-te a ti mesmo!


Na Grécia antiga havia um grande templo dedicado a Apolo, este templo ficava em Delphi, distante 180 quilômetros a oeste de Atenas, neste templo ficava o famoso Oráculo de Delphi, o Oráculo que era consultado por reis, nobres e ricos de todo o mundo antigo.

O Oráculo de Delphi, ou como chamamos em português “Oráculo de Delfos”, era o mais famoso do mundo antigo, e também o mais caro; quem desejasse consultar Apolo tinha que dar gordas ofertas em ouro ou prata aos sete sábios que administravam o lugar.

O alto preço cobrado por consultas no Oráculo foi retratado numa das cenas do filme "300" produzido em 2007 pela Warner Bros. O Filme "300" conta a batalha das Termópilas, que foi a heroica luta de um grupo de soldados espartanos que retiveram o exercito persa e possibilitaram uma vitória grega sobre os persas na batalha seguinte; a batalha das Termópilas realmente aconteceu mas o filme exagera na dramaticidade de várias cenas, inclusive no aspecto grotesco dos sábios que administravam o Oráculo, todavia o filme é bastante fiel quando retrata que o Rei Leônidas de Esparta teve que pagar bem caro para consultar a "Pitonisa". Isto acontecia porque ao longo dos séculos o Oráculo foi acumulando vários prognósticos certeiros, sua fama correu toda Grécia e depois todo o mundo antigo, e com a fama os sábios perceberam que poderiam cobrar caro pelas previsões da "Pitia".

O Oráculo era administrado por cinco sacerdotes considerados sábios, mas os cinco homens não eram os monstros retratados naquele filme, temos que entender que o templo de Apolo era um grande complexo que demandava muitos funcionários, todavia ele ficava longe das grandes cidades gregas, quase não havia renda de ofertas regulares, por isto o preço das previsões acabou sendo bastante majorado pois era a principal fonte de recursos para a manutenção daquele lugar e para o sustento das famílias que trabalhavam naquele templo.

Como disse, o Oráculo era administrado por estes cinco homens muito respeitados e considerados homens de grande sabedoria e bastante conceituados entre os gregos. Acredita-se que a presença destes sete sábios se devia por conta das palavras enigmáticas da "Pitia". Quando algum peregrino ia até Delphi para consultar a "Pitonisa", quase sempre ela fazia suas revelações com palavras cheias de enigmas, então ao longo dos séculos surgiram estes sábios como um apoio para interpretar o que a "Pitia" falava. Os sábios acompanhavam o peregrino durante a consulta a "Pitonisa" para depois ajuda-lo a entender e interpretar o que fora dito.




  Área do santuário aonde ficava a Pitonisa 



Havia uma lenda sobre como o Oráculo surgiu, e esta lenda dizia que foi o próprio Apolo quem construiu aquele lugar. Segundo a história Apolo matou a “Piton”, uma divindade grega que era um misto de cobra e dragão, em seguida Apolo enterrou a Piton naquele exato lugar. Após enterrar a “Piton”, Apolo decide que deve honrar sua adversária derrotada e edificou o santuário sobre o sepulcro da cobra dragão, todavia as narinas do cadáver da “Piton” ainda exalavam uma fumaça que subia até a superfície, esta fumaça era alucinógena. Apolo então constituiu uma sacerdotisa chamada de “Pitonisa”, ou simplesmente “Pitia” que entreva em transe quando inalava a fumaça que vinha do fundo da terra, durante o transe a Pitia, tinha contato com o próprio Apolo que falava através dela, revelando o futuro para quem o buscasse naquele santuário.

Independente da lenda, o fato é que não existem muitas fontes históricas de como e quando o santuário surgiu. Mas vários trabalhos publicados sobre este santuário de Apolo dão conta que a peregrinação para aquele local data de 1200 anos antes de Cristo. Sabe-se também que por séculos, várias gerações destes sábios e destas "Pitonisas" se sucederam no funcionamento deste Oráculo, e que o auge do Oráculo se deu por volta de 650 a 500 anos antes de Cristo.


Quanto a fumaça que vinha do subsolo que a lenda dizia ser das narinas da "Piton" era na verdade originada do subsolo vulcânico daquela região, o que obviamente não explica o transe da Pitonisa, quanto a isto também existem vários trabalhos que dão conta de que havia naquelas rochas vulcânicas componentes químicos que funcionavam como alucinógenos. A "Pitonisa" se posicionava no local aonde subia a fumaça, e quando a sacerdotisa inspirava, entrava em transe. Os peregrinos entendiam que as palavras da Pitia, eram realmente palavras do próprio Apolo revelando o futuro.

O Oráculo permaneceu em funcionamento até quase o período do início da Idade Média de maneira que ele permaneceu em funcionamento por mais de 1500 anos, e muitos pesquisadores creem que o principal motivo que levou o local a ser abandonado foi o fato de que a atividade vulcânica cessou e já não mais subia esta fumaça do subsolo.

Quando o Oráculo deixou de funcionar, surgiu sobre os escombros do tempo abandonado, uma pequena cidade, somente no final do século XIX que as autoridades gregas removeram a cidadela de Delphi movendo-a para o lado e tirando-a de sobre as ruínas do Oráculo para que os arqueólogos pudessem escavar o local, e isto permitiu que fosse desvendado toda a beleza e complexidade do templo de Apolo.

Como já mencionei, existem inúmeros registros históricos de previsões acertadas e profecias que se cumpriram oriundas do Oráculo de Delphi, isto até tem incomodado um pouco vários pesquisadores mais céticos. Na condição de cristão, obviamente não vou fazer proselitismo do paganismo grego, mas creio na transcendência, e creio em forças que vão além da simples matéria, todavia para os céticos, ateus, e afins, que não crêem na transcendência, e negam qualquer existência que não possa ser comprovada pela ciência, é no mínimo inquietante que tal Oráculo tenha perdurado por todos estes séculos e sua fama se estendeu por conta de seus prognósticos certeiros. Contudo, estes mesmo céticos tem um argumento que redime seu ceticismo, pois na verdade, como já expliquei, eram os cinco sacerdotes que interpretavam o que era dito pela "Pitonisa", então, dizem os céticos, que na verdade eram os cinco que de fato faziam as previsões e os prognósticos do que iria acontecer, e seus prognósticos eram acertados pois eram todos homens de muita inteligência e raciocinavam os cenários fornecendo aos peregrinos previsões dentro das expectativas mais plausíveis. A "Pitia" dizia coisas sem sentido durante o transe em virtude dos gazes alucinógenos, mas os sábios afirmavam o que precisava ser dito como sendo esta a interpretação dos enigmas preferidos.

É uma explicação plausível mas ao longo dos séculos muitas coisas ditas naquele local se cumpriram de forma tão extraordinária que tal explicação ainda deixa lacunas que não podem ser facilmente preenchidas para que simplesmente desacreditemos das forças ocultas que atuavam naquele local, até mesmo porque nem sempre a "Pitia" falava de forma enigmática, muitas vezes ele falava de forma clara concisa e objetiva, e as palavras dela sempre se cumpriam.

Um outro aspecto bastante sinistro é o fato de que o templo era de Apolo mas a sacerdotisa era a “Pitonisa” porque ela era na verdade devota da "Cobra dragão" a “Piton”. Então a sacerdotisa falava em nome de Apolo, mas o transe era produzido pela "Cobra dragão", que como disse, estaria segunda a lenda enterrada no local. Mas os textos bíblicos dão conta que a "Cobra dragão" é a antiga serpente que nós cristãos entendemos como a personificação do mal, ou o próprio Satan. Trocando em miúdos, os cristãos antigos entendiam de forma bastante objetiva que quem colocava a "Pitia" em transe era o próprio diabo.

Todavia, se abstrairmos o aspecto religioso, e nos focarmos na figura dos sábios perceberemos o valor do Oráculo tendo em vista que ele acabou estimulando a filosofia grega.

Imaginemos a figura destes cinco homens, recebendo as mais diversas personalidades da sociedade daquele tempo, cada um com seus questionamentos. Como já mencionei, é provável que a figura destes sete sábios tenho surgido até mesmo pela necessidade de desvendar os enigmas propostos pela "Pitia". Então aqueles homens se deparavam o tempo todo com os dilemas dos peregrinos e os mais diversos da "Pitia", com a missão de dar respostas as mais variadas questões. Naturalmente eles acabaram se tornando grandes pensadores.

Por volta de 600 ou mesmo 650 anos antes de Cristo o Oráculo estava no auge da sua fama, o grupo de sábios que administrava o local naquele período colocou uma inscrição na entrada do Oráculo, a frase que se tornaria célebre, e nortearia boa parte dos princípios da filosofia clássica, repercutindo até os dias de hoje.

O peregrino que fosse ao santuário de Apolo consultar o Oráculo de Delphi se deparava a seguinte inscrição:


"Ó Homem, conheçe a ti mesmo, e assim conhecerás os deuses e o universo"

The famous maxim 'Know thyself'

Muitas pessoas pensam que esta frase foi preferida por Sócrates, mas se tal frase foi inscrita na entrada do Oráculo  600 antes de Cristo, não pode ter sido Sócrates quem a proferiu primeiro, pois quando Sócrates nasceu em 469 ante de Cristo esta inscrição já estava na entrada do Oráculo. Sócrates certamente proferia tal frase mas estava na verdade corroborando o conceito.

Existe inclusive uma história muito interessante e curiosa envolvendo Sócrates  e o Oráculo de Delphi. Sócrates acreditava na transcendência, mas não acreditava nos deuses como os gregos entendiam; para ele se os deuses fossem aqueles da mitologia, não seriam deuses, sendo assim, Sócrates não frequentava o templo de Apolo, mas certa vez um amigo seu chamado Xerofonte, foi até Delphi e lá consultou a "Pitia", Xerofonte perguntou para a "Pitia" se havia alguém mais sábio que Sócrates, e a "Pitia" foi taxativa dizendo que não existia ninguém mais sábio que Sócrates em Atenas.



Sócrates: "Tudo que sei é que nada sei".


Quando voltou para Atenas, Xerofonte contou para Sócrates o que a "Pitonisa" havia dito, e contou também que ficara fascinado com aquela inscrição na entrada do Oráculo. As duas informações mexeram muito com Sócrates, e ele passou a se questionar se realmente era o mais sábio, e se questionar se realmente o ser humano não se conhecia e não se percebia a ponto da inscrição na entrada do Oráculo orientar as pessoas que elas precisavam conhecer a si mesmas.

Sócrates passou a questionar os amigos e os ilustres moradores de Atenas tentando descobrir se realmente ele era o mais sábio e se realmente faltava auto conhecimento para as pessoas. Se um homem era corajoso, ele pedia para que aquela pessoa definisse coragem, se era um sábio, ele pedia para definir sabedoria, se era uma pessoa ética, ele pedia para a pessoa definir ética, e ai por diante. Por fim Sócrates concluiu que realmente os atenienses que se achavam tão sábio na verdade não entendiam nem sequer os conceitos básicos, eles se diziam superiores mas não conheciam nada, ficou evidente para Sócrates que a inscrição na entrada do Oráculo estava certa, as pessoas não se percebem, não se veem como realmente são, não se conhecem. Ao chegar a esta conclusão Sócrates proferiu a famosa frase: "Tudo que sei, é que nada sei."

Mas o curioso é que ao chegar a esta conclusão Sócrates cumpriu a palavra da "Pitonisa" de ele era o mais sábio; ele não era mais sábio porque sabia mais, era o mais sábio porque admitia que não sabia, e consequentemente se tornou o mais sábio pois passou a se perceber, ele se reconhecia, e passou a buscar se conhecer, soube reconhecer que muita coisa ele não sabia e não entendia. Sócrates rejeitou a arrogância ateniense porque estava buscando o auto conhecimento e acabou confirmando que ele era realmente o mais sábio dos atenienses.

Sabemos que Sócrates foi o mestre que formou uma geração de pensadores, os pais da filosofia clássica, então esta importância dada ao auto conhecimento certamente foi passada para os célebres alunos de Sócrates, e tal noção norteou vários preceitos da filosofia clássica. Mas é uma ilusão crer que a filosofia nasceu com Sócrates, ele certamente foi um marco, um divisor de águas, por isto é um personagem fundamental na história do pensamento humano, mas antes dele existiram muitos grande pensadores gregos.

Os professores de filosofia denominaram os pensadores que antecederam Sócrates de "Pré Socráticos". Podemos supor que aqueles sete homens que administravam o Oráculo de Delphi, que também eram sábios respeitados, provavelmente fossem pensadores a semelhança dos filósofos pré Socráticos, sendo assim, a frase tão impactante , nasce dentro desta cultura filosófica que antecedeu o próprio Sócrates.

Podemos dizer então que o valor dado ao auto conhecimento é um conceito precioso desde os primórdios do pensamento. Que foi transcrito no Oráculo de Delphi e isto ajudou a popularizar esta ideia, e que por fim foi adotado por Sócrates, e tendo Sócrates sido o mestre dos grandes filósofos que o sucederam, podemos entender que o auto conhecimento é a peça fundamental nos conceitos filosóficos clássicos.

Outro aspecto muito importante é perceber que este conceito foi trazido para dentro do cristianismo como peça fundamental na fé cristã.

Paulo, conhecido como Apostolo Paulo, ou São Paulo, era um profundo conhecedor do idioma e da cultura grega, e ele foi fundamental para formatação da teologia cristã; isto porque os primeiros discípulos registraram as histórias e os eventos que viveram nos anos que andaram com Jesus, mas eles não estabeleceram conceitos teológicos do cristianismo. Paulo quando se tornou um cristão percebeu a necessidade de sistematizar o conjunto de ideais que permeava a fé cristã.

Apesar de ser um radical em muitos aspectos, Paulo era um homem de mente aberta, e percebemos isto quando ele escreveu "Examinai tudo, e retende o que é bom" (Primeira Carta de Paulo aos Tessalonicenses capítulo 5 verso 21).

Como disse, um cristão antigo entenderia que a "Pitia" do Oráculo estava sob a influencia do próprio satan, mas Paulo percebe que apesar disto a frase inscrita na entrada do Oráculo não poderia ser desprezada. Então Paulo trás este conceito para dentro da sua visão doutrinária do cristianismo quando ele estabelece as regras para a celebração da "Santa Ceia" ou "Eucaristia" como chamam os católicos.

No texto que ele escreveu para a igreja cristã que estava em Corinto, a chamada Primeira Carta de Paulo aos Corintius, no capitulo 11 quando ele dissertava sobre a ceia, dizendo exatamente que a Ceia representava a comunhão com Cristo e com os cristãos, ele profere a seguinte frase: "Examine-se pois o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice". (I Corintius 11 verso 28).

É exatamente o mesmo conceito de "Homem conhece-te a ti mesmo", e interessante que no Oráculo dizia que se o homem conhecer a si mesmo poderá conhecer aos deuses, Paulo diz que para estar em comunhão com Cristo, o homem precisa examinar a si mesmo.

Penso que Paulo fez exatamente o que acreditava, examinou um conceito já existente e o reteve por ser positivo para a fé cristã, pois o auto conhecimento dentro da ótica cristã, funciona como um convite para que o ser humano reconheça seus erros e mude de atitude, e esta é exatamente a mensagem do Cristo.

Paulo também escreve isto para um igreja na cidade de Corinto, pois era uma cidade de maioria grega, e é inegável que ele aproveita o fato de que os gregos entenderiam perfeitamente que o auto conhecimento é base para que venhamos a entender nossa transcendência.

Podemos então dizer que dentro da doutrina cristã estabelecida por Paulo, não existe experiencia com a transcendência de Cristo sem o auto conhecimento.

Por último uma curiosidade, sobre o filme Matrix de 1999.

Matrix foi uma marco no cinema, inteligente, sucesso de público e crítica, apensar de muitas cenas de ação, o filme abordou vários temas filosóficos, entre eles as idéias de Platão descritas no mito da caverna, pois na filosofia de Platão (que foi aluno de Sócrates) encontramos exatamente a ideia de que nossos sentidos muitas vezes nos revelam um mundo falso, não como ele realmente é. Platão rejeita a experiência empírica e afirma que o que vemos, vemos de forma incompleta como se estivéssemos vendo o mundo através de sombras.Este é exatamente o enredo de Matrix, aonde a humanidade está escravizada sem perceber que vive uma ilusão.

Curiosamente no filme existe um oráculo representado por uma figura feminina, e na cena quando o personagem Neo vai até o encontro do Oráculo, ela mostra no umbral da porta uma inscrição em Latin que dizia " Homem, conheça-te a ti mesmo".

Mas não apenas isto, nos filmes da trilogia, o "Oráculo" aparece representado por atrizes diferentes, numa conotação semelhante ao Oráculo de Delphi pois ao longos dos séculos foram várias sacerdotisas que atuaram como as "Pitias"; além disso, já vimos que as "Pitonisas" eram devotas da "Cobra dragão" o que denota para os cristãos que elas eram possuídas pelo próprio Lúcifer, pois bem, na última sequência da trilogia Matrix num outro diálogo entre o personagem "Neo" e o "Oráculo", o "Oráculo" afirma ser o antagonismo do "Arquiteto". O "Arquiteto" foi um personagem que apareceu no segundo filme da trilogia que disse para "Neo" que foi ele quem criou a Matrix. Os Maçons chamam Deus de o "Grande Arquiteto do universo" então, ao se auto afirmar como antagonismo do "Arquiteto" o "Oráculo" está assumindo a condição de antagonismo de Deus, então ela é a representação do próprio Satan.
Muitos cristão até pensam que o filme era uma forma moderna de revelar Jesus Cristo, mas na verdade ele apresenta um outro conceito de Messias, alguém que atuaria para estabelecer a harmonia entre as energias  conflitantes do positivo e o negativo, ou o bem e o mal. Há também um outro grupo de cristãos que dizem que o personagem "Neo" na verdade seria a representação do Anticristo.

Mas independente das opiniões religiosas, o filme trás a visão do antigo Oráculo de Delphi para os nossos dias de forma bastante inteligente, e tanto era esta a intensão, que a inscrição no umbral da porta do Oráculo em Matriz, era a mesma que havia na entrada do Oráculo grego.

Saindo do cinema e voltando para a vida real, ou para o Oráculo real.

Realmente esta frase é muito impactante, mas vamos pensar, porque aqueles homens colocaram esta inscrição na entrada do templo?

O que realmente aconteceu foi que os sete sábios que administravam o Oráculo, ao longo de muitos anos, perceberam que os peregrinos iam até la em busca de respostas para suas vidas, mas de nada adiantava as revelações da "Pitia" na medida em que os homens não conseguem perceber quem realmente são.

O que os sábios procuraram dizer aos peregrinos com aquela inscrição, era que não adiantava querer conhecer o futuro ou mesmo as previsões dos deuses, se você não conhecer a si mesmo. De nada adianta saber o que devo fazer para chegar a determinados objetivos, se não puder controlar minha vontade, e não posso controlar quem sou, se não souber quem sou.

Também não podemos entender o mundo que nos cerca, ou mesmo a espiritualidade se me faltar auto conhecimento, pois nós é que interpretamos o mundo que está diante de nós, nós interpretamos como queremos a transcendência, ou mesmo no caso dos ateus ou dos agnósticos, a não transcendência, a negação dela; mas tudo isto é uma interpretação a partir de nós mesmo.

A inscrição era como se eles estivessem dizendo para os peregrinos que iam até la buscar respostas, que boa parte das respostas está dentro de nós mesmos. Não entendo as respostas porque não sei o porque faço as perguntas.

Se não me conheço, não entendo porque vejo as coisas da forma que vejo. Não entendo porque interpreto as circunstancias da forma que interpreto.

Por isto que Paulo trás este conceito para dentro do cristianismo, pois se não me conheço, não entendo quem sou e não posso perceber quem o Cristo é.

Se não sei quem sou, não entendo o mundo. Se não sei quem sou não posso experimentar a Deus.


(Importante ressaltar que o aforismo grego do autoconhecimento foi atribuído ao grupo denominado os Sete Sábios da Grécia, era um grupo de homens que por volta de 600 anos antes de Cristo passou a trabalhar em conjunto quando houve uma grande crise econômica na Grécia antiga, e teriam sido eles que lançaram os fundamentos da ideia de cidadania na sociedade moderna, as ideias deles tiraram a Grécia do atoleiro e o geógrafo grego Pausâneas 160 depois de Cristo afirmou que foram estes sete homens que na verdade criaram esta frase "Conhece a ti mesmo"! Mas acredita-se que na verdade os Sete Sábios tinham uma forte relação com os sacerdotes do templo de Apolo e ajudaram a formular o conceito que foi percebido pelo grupo de cinco sacerdotes do Oráculo conforme dissemos acima)  




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