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sábado, 15 de novembro de 2014

Paulo de Tarso e as Lições Sobre Como Realizar Mudanças de Rumo na VIda

Mudanças são sempre muito complicadas. Por vezes, durante a jornada de nossas vidas, chega um momento que queremos (precisamos) dar um outro rumo a nossa caminhada, é o momento em que percebemos que as coisas não estão indo a contento, então precisamos mudar algumas coisas, mas o fato é que é tão difícil impor a nós mesmos estas mudanças de rumo. A rotina é uma coisa importante mas por vezes, em uma determinada dose, ela passa a fazer tão mal, que muitas vezes estamos tão presos aos nossos hábitos que nas nossas mentes mudanças são quase inviáveis,

Existe um personagem na história universal, um dos principais da história do cristianismo, que enfrentou uma mudança muito radical na sua vida. Conhecido como Paulo, ou Paulo de Tarso (que é o nome de sua cidade de origem) ou Apostolo Paulo, ou ainda São Paulo, antes era chamado Saulo (que é uma homenagem a Saul, primeiro rei de Israel que esteve no governo por volta de 1100 anos ante de Cristo). Paulo era um homem inteligentíssimo, que lutava ferozmente contra a expansão do cristianismo e em determinado momento ele mudou radicalmente e passou a lutar pela propagação do cristianismo. Esta mudança ocorreu devido a uma experiência que Paulo teve. Penso que entender esta experiência que gerou uma mudança tão extrema, pode nos ajudar a refletirmos sobre como podemos superar a rotina ou mesmo os conceitos equivocados, para conduzirmos nossas vidas noutra direção.

Determinação é uma característica que todos admiramos, quantas vezes não conseguimos nem sequer seguir uma dieta, então é admirável quando encontramos pessoas capazes de manter o foco nos objetivos e de forma determinada perseguem seu alvo até alcança-lo. Quando juntamos determinação com uma boa dose de inteligência, temos um tipo raro e diferenciado de ser humano, capaz de idealizar, projetar, e manter o foco nos seus objetivos. A maioria dos personagens importantes na história humana guardam estas duas características. Mas um fato problemático a respeito de tais pessoas é que elas lidam mal com as mudanças de rumo, lidam mal com os fracassos e as frustrações. Acabam abandonando a lógica e transformam a determinação em obsessão, tudo para não ter que admitir o erro ou ter que aceitar uma nova direção. Estas são exatamente as características que marcavam a personalidade de Paulo de Tarso.

Paulo era poliglota, profundo conhecedor de toda filosofia grega, profundo conhecedor da teologia judaica. Paulo também era cidadão romano, o Império Romano concedia título de cidadania para as famílias ricas, era a forma de trazer as elites dos povos dominados para dentro da sociedade romana e assim evitar que as elites fomentassem o desejo de independência nas classes menos favorecidas dos povos dominados. Sendo assim, sendo cidadão romano, subentendesse que Paulo era rico de berço.

Mas porque este homem tão culto se lançou ferozmente contra as primeiras comunidades cristãs? De onde veio este ódio aos cristãos?

Quando o cristianismo começou a se expandir, ele a princípio tirava fiéis do judaísmo, e convém lembrar que o judaísmo é uma religião que vai além dos judeus que são o povo de origem desta religião. Pois bem, como Jesus era judeu, os primeiros cristãs nasciam dentro do judaísmo, e obviamente os líderes do judaísmo se sentiram ameaçados pelo quando vários judeus transformavam-se em cristãos. Foi então que após prenderem a Pedro e a João, eles se reúnem para decidir como tentar frear os seguidores de Jesus. A maioria dos líderes presentes nesta reunião queria condenar Pedro e João a morte, mas um grande e respeitado mestre e líder judeu interveio, seu nome era Gamaliel. Gamaliel defendia que Pedro e João fossem soltos, suas palavras foram de que vários messias já haviam surgido, e com o tempo eles e seus seguidores desapareciam, mas se realmente Jesus de Nazaré fosse o messias de Deus, então nada poderia deter o avanço do cristianismo (Atos 5 a partir do verso 32).

Mediante a palavra de Gamaliel eles então açoitaram a Pedro e a João depois os soltaram ordenando que não falassem mais sobre este Jesus na expectativa que esta onda de cristianismo fosse só uma febre que logo passaria. Contudo com o passar do tempo, o número de cristãos não parava de crescer e as igrejas se consolidavam; a paciência dos Judeus logo acabou, de maneira que não demorou para que começassem a prender e condenar a morte  os cristãos; mas isto não freava o crescimento das igrejas, pelo contrário elas não paravam de crescer.

O problema nisto tudo que envolvia a Paulo pessoalmente, era que Paulo era aluno do mestre Gamaliel, não apenas aluno, mas ele próprio menciona que foi criado aos pés de Gamaliel, então ele era aquele tipo de aluno que admirava profundamente seu mestre, e ao perceber que as igrejas cresciam mesmo sofrendo oposição do judaísmo, ele se deu conta que as palavras do seu mestre estavam confirmando a divindade do Cristo.

Não querendo admitir que Cristo realmente era o messias de Deus, Paulo se lançou como principal líder na oposição ao cristianismo, e intensificou ainda mais os esforços para perseguir os cristãos. Foi então que sobre as ordens de Paulo muitos cristãos foram lançados nas prisões e mortos.

O ódio que Paulo sentia pelos cristãos é na verdade fruto de uma reação relativamente comum a quase todo ser humano. É quando alguém nos fala uma verdade que não queremos ter que aceitar e acabamos ficando com raiva desta pessoa. Este foi o catalizador do ódio de Paulo contra os cristãos, ele sentia ódio porque era uma verdade que não queria ter que admitir.

Foi Lucas quem narrou toda esta história, ele era um médico que se tornou cristão. Resolveu primeiro escrever a história de Jesus, e depois ele passou a escrever como foi a expansão das igrejas, no chamado livro de "Atos dos Apóstolos", Ambos livros fazem parte da bíblia cristã. Então foi Lucas que contou estas coisas ocorridas com o então ainda chamado Saulo de Tarso.

Aqui eu quero fazer um parêntese, os historiadores, sabem que Saulo, que virou Paulo, foi um personagem real, eles também sabem que foi Paulo o grande propagador do cristianismo a partir do anos 40 da era cristã, mas eles também sabem que este homem teve esta mudança radical aonde mudou de ferrenho opositor ao cristianismo para ferrenho defensor, contudo o único relato que justifica esta mudança é o relato do texto Bíblico de "Atos dos Apostolos", sendo assim, a única fonte que justifica esta mudança de postura é a descrita por Lucas. 

O livro de Atos conta que Paulo teve uma visão de Jesus. e a partir daqui quero então convidar a quem estiver acompanhado estas palavras que parta do pressuposto que o texto bíblico de "Atos" é fiel aos fatos; digo isto porque muitos não creem no texto bíblico e nem sequer creem no Cristo bíblico. Importante salientar  que quando Jesus de Nazaré apareceu para Saulo, Jesus já havia morrido na cruz aproximadamente 3 ou 4 anos antes, então admitir que Saulo encontrou a Cristo é o mesmo que ter que admitir que Cristo realmente transcendeu a própria morte. Mas como disse, convido mesmo os incrédulos a que sejam crédulos durante a continuação desta análise, para raciocinarmos juntos as lições que temos sobre como dar outro rumo na vida a partir da experiência que Paulo enfrentou.

O texto escrito pelo médico Lucas dá conta que Paulo havia conseguido autorização para ir até a cidade de Damasco, capital da Síria, que também era dominada pelo império, levando alguns soldados, a fim de arrastar os cristãos para os tribunais e assim tentar  brecar o crescimento do cristianismo para outras províncias do Império.

Ocorreu que quase chegando a Damasco Paulo teve uma visão, na verdade toda a tropa que estava com ele também teve esta visão, mas façamos o seguinte, vamos acompanhar passo a passo o relato do encontro de Jesus com Paulo na estrada para Damasco conforme descrito por Lucas.

Mas há ainda um outro detalhe importante, esta história é narrada duas vezes no livro de Atos e vamos entender o porque. 

No começo do livro Lucas vem falando sobre o crescimento das igrejas e conta como foi o início da oposição ao cristianismo, contando também aquela palavra inicial de Gamaliel. Na sequencia Lucas também narra sobre um certo Saulo que era o maior algoz dos cristãos, até que no capítulo 9 Lucas registra este encontro com Jesus quando o então Saulo ia em direção de Damasco. No correr do texto de "Atos" já no capítulo 26, encontramos outro momento, quando o já chamado Paulo foi preso pelos líderes do judaísmo, então Lucas registra que o Rei Agripa, que era neto de Herodes, desejava ouvir o que Paulo tinha a dizer, Paulo então conta para o rei como foi seu encontro com Jesus, e Lucas reescreve a mesma narrativa descrita no capítulo 9. Contudo esta segunda narrativa é toda feita na primeira pessoa com o próprio Paulo contando sua experiência para o rei. Tudo indica que Lucas estava presente quando Paulo foi preso e também estava presente quando Paulo falou com o rei, de maneira que registrou este momento com detalhes. A história contada pelo próprio Paulo ao rei foi tão impactante que o próprio rei afirmou que por pouco quase não se tornou também um cristão. 

A partir de agora então, vamos acompanhar este texto do livro de "Atos" no Capítulo 26, aonde o próprio Paulo fala como foi sua experiência, para tentarmos abstrair lições desta história que nos ajudem a realizarmos mudanças nas nossas vidas.


"Rei Agripa, eu me sinto muito feliz em poder estar hoje diante do senhor para me defender de tudo o que os judeus me acusam. 

E especialmente feliz porque o senhor conhece muito bem todos os costumes e questões dos judeus. 
Portanto, peço que o senhor me escute com paciência.

Todos os judeus sabem como tenho vivido no meio do meu povo e também em Jerusalém, desde a minha juventude até hoje. Eles sempre souberam, e podem confirmar isso se quiserem, que desde o começo fui membro do partido dos fariseus, o mais rigoroso da nossa religião. E agora estou aqui sendo julgado porque tenho esperança na promessa que Deus fez aos nossos antepassados. 

Todas as tribos do nosso povo, que adoram a Deus dia e noite, também esperam ver o cumprimento dessa promessa. É por causa dessa esperança, ó rei, que estou sendo acusado pelos judeus. 

Por que é que vocês, judeus, acham impossível crer que Deus ressuscita os mortos? 
E Paulo disse ainda:

Eu mesmo pensava que devia fazer tudo o que pudesse contra a causa de Jesus de Nazaré. E foi o que fiz em Jerusalém. 

Recebi autorização dos chefes dos sacerdotes e prendi muitos seguidores de Jesus. Quando eram condenados à morte, eu também votava contra eles.

Durante muito tempo eu os castiguei em todas as sinagogas e os forcei a negar a sua fé. Tinha tanto ódio deles, que até fui a outras cidades para persegui-los".

Atos 26 versos 2 a 11




No início de seu discurso perante o rei, Paulo afirma que foi educado como judeu radical e que os seus acusadores sabiam que ele antes era um árduo defensor do judaísmo e que lutava contra a igreja de Cristo.

"E Paulo continuou:
Foi por isso que viajei para a cidade de Damasco, levando autorização e ordens dos chefes dos sacerdotes. Mas aconteceu, ó rei, que na estrada, ao meio-dia, veio do céu uma luz mais brilhante do que o sol, a qual brilhou em volta de mim e dos homens que estavam viajando comigo.
Atos 26 versos 12 e 13 

Este é o primeiro momento quando Paulo é confrontado com uma forte luz que excedia a luz do sol. Na condição de cristão, creio na literalidade desta narrativa, mas entendo que o que temos aqui também são várias metáforas.

A luz remete a ideia de ver mais claramente, de perceber melhor, de conhecer melhor, então a luz é o primeiro passo para efetivamente realizarmos mudanças em nossas vidas. Ver mais claramente, perceber melhor a nós mesmos, entender o cenário de nossa vida para que efetivamente possamos dar um rumo melhor a nossa jornada.

Todos caímos por terra.
Atos 26:14

Cair do cavalo é uma expressão comum quando percebemos que estamos lutando do lado errado, adoramos pensar que os outros estão errados, e é um momento difícil quando percebemos que muitas vezes nós é que estamos errados. Com Paulo não foi diferente, conosco também não é diferente, se queremos mudar algumas coisas em nossas vidas temos que estar preparados para o momento em que ao ser confrontado com a luz, percebemos que estamos caminhando de forma equivocada.

Mas há também um outro simbolismo, o cavalo era o meio de transporte que levava Paulo numa direção, ele precisa cair do cavalo para poder dar outro rumo a sua vida.

Por último, importante notar que todos os soldados romanos que estavam com ele também tiveram a mesma visão, e também caíram no chão.

"Então ouvi uma voz que me dizia em idioma hebraico."
Atos 26:14

Este é um momento importantíssimo, pois até agora era uma visão coletiva, todos os soldados estavam presenciando o mesmo fenômeno, mas no momento em que Paulo ouviu uma voz que vinha de dentro da luz, esta voz falou com ele em hebraico (em algumas traduções da bíblia aparece que o idioma era aramaico).

Isto é algo fantástico porque era um idioma que somente Paulo conhecia. Como dissemos Paulo era um poliglota, e ele naquele momento era acompanhado por soldados romanos que provavelmente falavam Latim, e (ou) grego que era o idioma corrente no lado oriental do Império Romano, mas nenhum deles falava hebraico; isto significa que os demais presentes também ouviram a voz mas não entendiam o que estava sendo dito. Desta forma a visão, mesmo sendo coletiva, ganha uma caráter intimista, era como se a voz estivesse deixando claro para Paulo que "o que estou te falando, estou falando só para você".

Nestes tempos de total perda da privacidade, de "self's" sem limite, aonde muitas pessoas expõe suas vidas nas redes sociais, precisamos entender que as mudanças ocorrem num momento muito particular.

As vezes sentimos a necessidade de compartilhar nossos momentos com amigos, principalmente quando estamos vivendo momentos de mudanças porque as mudanças sempre implicam em dificuldades, afinal é a hora que caímos do cavalo; mas este evento com Paulo nos mostra que as vezes se falarmos muito sobre o que estamos vivendo, a fim de coletarmos opiniões dos amigos, podemos na verdade estar jogando fora a oportunidade de mudanças porque este é um momento muito particular, muito intimo, aonde a voz que ouvimos fala apenas conosco.

“Saulo, Saulo! Por que você me persegue"?
Atos 26:14  

Paulo ouve uma voz de dentro da luz que pergunta: "porque me persegues?" Cristo poderia perguntar por exemplo: "Porque luta contra mim, ou contra meus fies"? Ou ainda "Porque se opõe a mim"? Mas perseguir tem uma conotação dúbia; tanto no nosso idioma, como no grego que Lucas usou para escrever este texto, como no hebraico que foi o idioma usado para falar com Paulo. 

Perseguir é dúbio porque pode ser tanto aquilo que me oponho, como também pode ser aquilo que eu estou buscando. Cristo sempre extremamente sábio com as palavras faz uma provocação: "Você me persegue por que se opõe a mim, ou porque no fundo sou eu quem você quer encontrar"? 

Esta é outra lição fantástica sobre como podemos efetivamente mudar o rumo de nossas vidas; muitas vezes as coisas que mais nos opomos são as coisas que buscamos mas não queremos admitir, as mudanças ocorrem quando somos confrontados com esta realidade.

E a voz que surgiu de dentro da luz prossegue:

"Dura coisa é debater contra os aguilhões"! 
Atos 26: 14

Creio que esta é a palavra mais interessante nesta parte da narrativa. Muitas vezes em nossas vidas, ou por teimosia ou por arrogância, não queremos reconhecer, ou admitir determinada verdade que está diante de nós, então o que fazemos muitas vezes é nos opor ferozmente contra aquilo que não queremos ter que admitir. Então era isto que Paulo estava fazendo, ele perseguia os cristãos para não reconhecer que Jesus era realmente o Cristo, ele se opunha porque não queria reconhecer.

Mas todos sabemos que cedo ou tarde a verdade sempre prevalece, então a voz que surge de dentro da luz afirma que Paulo estava se debatendo numa de prisão. Debater-se contra as cadeias é uma metáfora que Cristo criou para demonstrar como fica a pessoa que luta contra uma verdade por não querer admiti-la.

Na sequência Paulo então pergunta:

Então perguntei eu: Quem és tu, Senhor? 

Uma pergunta estranha, pois sendo Paulo uma pessoa tão inteligente será que ele ainda não sabe quem é este ser supremo e espiritual que apareceu na estrada? Sera que ele ainda não sabia quem era aquele que se manifestou de dentro daquela luz?

Ele já havia matado vários cristãos e está indo para Damasco para matar outros tantos, e alguém surge no meio da caminho para impedi-lo, fica claro que quem surgiu era o próprio Jesus para frear o impeto de Paulo.

Creio que quando Paulo pergunta quem era ele, seria a última tentativa desesperada de não ter que admitir que estava errado em perseguir e matar cristãos. Ele pergunta quem é na esperança que não seja Jesus, e assim não teria que admitir esta verdade da qual fugia

"Respondeu o Senhor: ‘Sou Jesus, a quem você está perseguindo. 
Atos 26:15 

"Eu sou Jesus" como se dissesse: "Eu sou aquele que você se debate para não ter que reconhecer"; "a verdade que você se opõe para não ter que admitir".

As mudanças não acontecem se não formos capazes de reconhecer até mesmo aquelas verdades das quais fugimos.

E Jesus prossegue:

"Agora levante-se, fique em pé"
Atos 26: 16

Cristo antes de continuar falando quer que ele se levante.
Muitos teólogos afirmam que Jesus fez isto porque estava demonstrando que era Ele o próprio Deus que havia se revelado aos antigos Judeus. Isto porque numa outra narrativa de um texto bíblico do Antigo Testamento, escrito aproximadamente 500 anos antes de Cristo, encontramos a história de um profeta chamado Ezequiel, este homem também teve uma visão e ouviu uma voz; a semelhança de Paulo, Ezequiel também havia caído no chão e a voz disse para que Ezequiel se levantasse para continuar então falando com ele (Ezequiel 2 verso 1). Como Paulo era um profundo conhecedor dos antigos textos bíblicos, certamente fez esta associação e entendeu que o Cristo de Nazaré era o mesmo que aparecera a outros personagens do passado.

Mas independente da questão teológica, existe um aspecto bem simples de uma conotação mais prática, porque quando analisamos passo a passo a sequencia de fatos que gerou em Paulo uma mudança de comportamento, que são os mesmos que geram em nós mudanças, percebemos que "cair do cavalo" é primeiro momento, aonde a pessoa se da conta e tem que admitir para si mesma que está equivocada, isto obviamente gera em nós tristeza e frustração, e muitas pessoas se deprimem em situações semelhantes. Mas ao dizer para que Paulo se colocasse de pé, Cristo está demonstrando que passado aquele primeiro momento de frustração, quando nos decepcionamos com nós mesmos, não podemos permanecer prostrados e deprimidos, por que caso contrário as mudanças não ocorrem. Era como se Jesus estivesse chamando Paulo para aquilo que chamam "atitude pró ativa", e a música popular brasileira num dos seus versos canta "levanta, sacode a poeira, e dá a volta por cima".

Sendo assim, para que a mudança ocorra, temos que superar aquele período da frustração, para podemos então dar um novo rumo a nossa caminhada.

Para prosseguirmos vamos agora usar o texto que lucas escreveu no capítulo 9 de Atos, isto porque Paulo não detalhou para o rei que ficou cego depois deste evento. Vejamos então o que se sucede a esta visão conforme o mesmo Lucas nos conta no capítulo 9.

"Saulo levantando-se do chão, abrindo os olhos não conseguia ver nada"
Atos 9: 8

Após a visão Paulo ficou sem conseguir enxergar. provavelmente a forte luz prejudicou sua retina e ele levou vários dias até voltar a enxergar normalmente. Durante estes dias, ele ficou sozinho sem contato com o mundo (até porque a visão é nossa principal fonte de contato com o mundo, somente os deficientes visuais desenvolvem os outros sentidos).

Paulo então tinha muito o que pensar, na verdade ele tinha que responder para si mesmo o que fazer agora que ele não podia mais fugir desta verdade. Como agir daqui por diante, depois de ser confrontado com a verdade que não queria aceitar?

Penso que aqui temos outra lição de como um momento introspectivo tem seu valor, como agir quando temos que admitir mesmo aquelas verdade das quais fugimos, estas respostas devemos encontrar sozinhos, numa reflexão intima e pessoal. A cegueira de Paulo simboliza este momento sem contato com o mundo, aonde ele tirou um tempo sozinho e isolado.

Por fim, depois desta experiência Paulo se reinventou, e a partir daquele dia temos Paulo como sendo o grande propagador e difusor do cristianismo, sem ele provavelmente não seria a maior religião do mundo com é hoje.

Temos que entender que precisamos perceber a vida como dinâmica, existem verdades das quais fugimos, e lutamos contra, as vezes os tempos mudaram, as pessoas mudaram, e não queremos aceitar isto, e enquanto estivermos assim não conseguiremos nos reinventar; mas quando formos capazes de reconhecer as coisas como são, poderemos descobrir novos caminhos, novos horizontes, novos alvos e objetivos, mesmo que para tanto precisemos primeiro cair do cavalo.












5 comentários:

  1. Excelente!texto. Profundo e exclarecedor, da uma visão e um entender de como mudanças é às vezes complexas, mas se à aceitamos e pomos em prática na vida, muitas coisas podemos transformar em nossa vida e de outoutrem. O difícil - às vezes, ou quase sempre, é empleimentar.

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  2. Parabéns! Excelente e profunda reflexão! Estou lendo hoje, dia 05/06/2020, estamos ainda em Quarentena! Não poderia ter vindo em melhor hora!

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  3. Parabéns pelo texto escrito que maravilha, Deus abençoe.

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