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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Macbeth - O Lado Negro da Força Segundo William Shakespeare


"Vejo que às vezes o diabo nos engana com a verdade" (Primeiro Ato cena III de Macbeth)

No final de 2015, enquanto a maioria dos cinéfilos acompanha atentamente a estreia do novo filme da saga Star Wars, chega ao cinemas no Brasil a mais nova adaptação da peça "Macbeth" ou "A Tragédia de Macbeth" (nome completo), de Willian Shakespeare, e se não me engano esta seria a quinquagésima segunda adaptação desta obra para o cinema. Para se ter uma ideia de como o cinema adora esta obra, a primeira adaptação de Macbeth para a telona ocorreu em 1898, isto sem falar na grande constelação de estrelas da sétima arte que já representaram esta peça tanto no teatro como no cinema, de fato, tratando-se de Shakespeare parece que enquanto o público em geral é fascinado por Romeu e Julieta, ou Hamlet e seu famoso monólogo "Ser ou não ser", a classe artística é mais impressionada por toda a mística que envolve "Aquela peça escocesa".

E aqui se faz necessário uma explicação, muitos atores acreditam que pronunciar "Macbeth" trás má sorte, e a simples pronuncia deste nome traria algum tipo de maldição, então para evitar isto, eles passaram a denominar Macbeth de "Aquela Peça Escocesa".

A peça é considerada maldita porque quando ela foi apresentada na primeira vez em Londres em 1611, houve um erro na montagem que fez com que houvesse uma punhal de verdade e não uma adaga cenográfica no cenário. então quando Macbeth apunhalou o rei Duncan, o ator que representava Macbeth, acabou matando o ator que representava o rei. Desde então ouve-se que aqui e ali, onde a peça foi encenada, alguns fatos desagradáveis aconteciam envolvendo os atores ou mesmo a equipe de apoio, nada tão grave é verdade, como foi a morte deste ator em 1611, mas toda a vez que acontecia algum acidente envolvendo uma montagem da Macbeth, vinha logo a mente de todos a terrível escrita de peça maldita.

Há que se convir o fascínio humano por coisas obscuras, e ainda mais se tratando de Shakespeare, estes eventos somente fizeram aumentar o interesse pela obra, que por sinal foi uma das das últimas do maior teatrólogo de todos os tempos que faleceu em 1619.

Um fato muito curioso a respeito de Macbeht é que ele foi um personagem real, contudo diferente daquele descrito na peça. Enquanto na peça de Shakespeare Macbeth era um sanguinário homicida, na história da monarquia escocesa houve realmente rei chamado Macbeth ou MacBeatha que seria a forma mais correta de escrever seu nome. que governou a Escócia entre 1040 até 1057, mas totalmente diferente da obra de Shakespeare, Macbeth foi um bom rei, e teve um reinado extremamente pacífico e próspero, e além disso tudo leva a crer que ele era um bom cristão, e cooperava com a cristandade no território escocês .

Mas o que teria levado a William Shakespeare escrever um conto tão terrível sobre Macbeth transformando-o num facínora? Alguns acreditam que Shakespeare fora influenciado por um livro inglês que falava mal dos antigos monarcas escoceses, mas particularmente não creio nisto, Shakespeare era muito bem informado para cometar tal acinte. O que aconteceu foi que na época que esta peça foi produzida e encenada a Rainha Elizabeth I havia deixado o trono e fora sucedida por seu primo Jaime VI que era rei da Escócia, ele então foi coroado rei tanto da Escócia como da Inglaterra como da Irlanda e do país de Gales, e passou a ser chamado rei Jaime I rei da Grã Bretanha e Irlanda. Jaime I foi coroado rei de toda a Grã Bretanha em 1603 e Macbeth foi escrita em 1606.

Mas qual seria a relação de Jaime I  de 1603 e o rei Macbeth de 1040? Acontece que na época do Rei Macbeth havia um capitão do exercito escocês de nome Banquo, este mesmo Banquo também aparece em alguns textos de crônicas históricas como sendo o patriarca da "casa dos Stuarts" que foi uma dinastia que governou a Escócia e depois juntou Escócia e Inglaterra e esta era exatamente a família de origem do rei Jaime I. Então este mesmo Banquo que aparece como personagem da peça como sendo traído por Macbeth, era antepassado do agora rei Jaime I, e este fato poderia ter sido o motivador para que Shakespeare contasse um pouco desta história descrevendo assim a origem da família do rei, lembrando que a coorte, e as vezes o próprio rei, frequentavam o teatro de Shakespeare.

Contudo ainda assim Shakespeare poderia ter descrito a origem da família do rei sem precisar denegrir tanto a figura do rei da Escócia, e de fato nunca saberemos o porque Shakespeare usou o bom rei escocês e conferiu a ele tamanha crueldade, talvez apenas tenha pego o personagem histórico real emprestado como fazia Platão, e usa-lo para contar histórias atuais e descrever um pouco daquilo que todos vivemos ou estamos suscetíveis a viver.

Tudo que Shakespeare escreveu é profundo e comunica até hoje com nossa realidade, isto porque Shakespeare era alguém que conhecia a fundo a alma humano, de maneira que mesmo passados tantos séculos, suas mensagens permanecem atuais. Mas Macbeth é um exagero de profundidade e podemos dizer que nenhuma peça de Shakespeare é tão incomoda como Macbeth, apensar que alguns a julgam uma obra mais simples, até por ser uma obra menor, e ser uma peça que tem uma narrativa mais concisa e linear comparada com outras obras deste mesmo grande dramaturgo.

Surpreende também a muitos o fato de Shakespeare ter usado a fugara de bruxas, pois mesmo tendo falado de fantasmas em várias de suas peças, ele nunca havia mencionado bruxas como aparece um Macbeth, mas quando se entende melhor a história, percebesse que elas tem um papel fundamental nas ideias que Shakespeare desejava transmitir.

Vejamos então uma breve resenha da história de Macbeth.

Na peça Macbeth era primo do rei Duncan, rei da Escócia, ele tamém era oficial do exercito escocês e estava junto com Banquo capitão da guarda, e ambos estavam voltando de uma batalha onde eles haviam derrotado os inimigos, foi quando os dois se deparam com três bruxas, e elas fazem algumas profecias. As bruxas dizem para Macbeth que ele seria o futuro dei da Escócia, depois elas também fazem uma profecia para Banquo dizendo que da família dele surgiria uma linhagem real, (e como dissemos acima, este era um fato real pois o rei Jaime era descendente deste oficial escocês).

Macbeth então conta para sua esposa o que havia acontecido e a que as bruxas haviam dito que ele seria o futuro rei, Lady Macbeth então começa a dizer que ele deveria matar o rei para assumir o trono, pois ele sendo primo do rei estava na linha de sucessão. A princípio Macbeth exita e não quer cometer nenhuma violência contra o rei, mas sua esposa começa a desafia-lo, ela incita Macbeht a matar o rei, a ponto de dizer que ele não era homem para fazer.

Resultado de imagem para macbeth and DuncanMacbeht sucumbe a pressão da esposa, e eles armam um plano onde Lady Macbeth dá bebida com entorpecente para os guardas, e assim que o entorpecente faz efeito ele invade a câmara real e mata o rei com uma adaga, depois ele coloca a faca cheia de sangue junto dos guardas adormecidos. Na manha seguinte um nobre escocês de nome Macduff descobre o corpo do rei, então Macbeth fingindo estar cheio de raiva mata os guardas bem rápido para não dar a eles tempo para se defenderem proclamando sua inocência.

Macduff desconfia dele mas nada pode provar, então os filhos do Rei fogem com medo de também serem mortos pois pensaram que havia uma conspiração na coorte, o mais velho Malcolm vai para Inglaterra e e Donalbain (ou Donald) o mais novo vai para a Irlanda.

A fuga dos filhos do rei abre caminho para que Macbeth realmente se torne rei, e com a coroação ele sente que a palavra das bruxas se cumpriu, mas Macbeth tem outro problema que era seu grande amigo Banquo que ouviu a palavra das bruxas e poderia ligar os fatos e acusa-lo de matar o rei, além disso, sobre Banquo havia a palavra das bruxas de que da família dele viriam reis, e Macbeth então pensou que precisaria matar seu amigo para garantir que seria a linhagem dele que ficaria com o trono. então ele atrai Banquo e seu filho ainda jovem para uma armadilha convidando ambos para um jantar, e mata seu melhor amigo, mas o filho consegue fugir, e este seria o motivo de ter surgido a dinastia dos Stuarts.


Resultado de imagem para macbeth and banquo's ghostA partir dai Shakespeare faz uma virada muito interessante na narrativa, porque no princípio Macbeth começou a se sentir muito mal com o que fizera, ele sentia remorso e culpa, sua consciência estava pesada, tinha pesadelos, visões e uma insônia terrível, além de ver fantasmas. Contudo com o passar to tempo, Macbeth começa a se tornar insensível e aos poucos para de sentir remorso e culpa, ele não sentia mais nada, se torna frio; contudo enquanto Macbeht vai se tornando insensível, a sua esposa Lady Macbeth, a mesma que a princípio era fria e calculista e foi quem incentivou Macbeth a cometer seus crimes para chegar ao trono, pois ela depois começou a surtar com a culpa, ela passou a ter os mesmos sintomas que Macbeth sentia antes, agora era ela que não dormia, que tinha visões terríveis, e um remorso incontrolável; numa das cenas mais emblemáticas, Lady Macbeth está lavando as mãos freneticamente sem parar imaginando que elas estavam cheias de sangue.


Resultado de imagem para lady macbeth washing handsA culpa de Lady Macbeth se torna tão terrível que ela se mata, mas diante da morte de sua esposa Macbeth já totalmente insensível, apenas se limita a dizer que ela não deveria ter ido agora.

Macbeth sabendo que estava perdendo apoio da coorte foi consultar de novo as três bruxas e elas disseram que ela não poderia ser morto por nenhum homem nascido de mulher, as bruxas também alertam a respeito de um nobre de nome Macduff, o mesmo que desde o início desconfiou de que Macbeth havia matado o rei. Macbeth então vai a caça de Macduff mas não o encontra, ele havia ido para a Inglaterra encontrar com o filho do rei Duncan e organizar um exercito com a ajuda da Inglaterra pra derrubar Macbeth, mas Macbeth descobre que a esposa de Macduff e seu filho haviam ficado, então ele cruelmente mata ambos.

Quando volta da Inglaterra Macduff junto com Malcolm filho mais velho do rei Duncan ele descobre que sua família fora morta pelo terrível rei Macbeth. A tropa inglesa que apoiava Malcolm derrotou os soldados de Macbeht ms ainda assim Macbeth parece confiante por conta da palavra das bruxas que haviam dito que ele não poderia ser morto por um homem nascido de mulher, e ele pensava que homem não nasce de mulher?

Contudo ao luta final Macduff, antes de subjugá-lo, explica que quando nasceu fora tirado a força do ventre da mãe. Macduff acaba cortando a cabeça de Macbeth e assim sua tirania se encerra e malcolm filho de Duncan reina na Escócia.

Apenas uma explicação sobre a forma como este nobre Macduff nasceu, naquela época quando não haviam cesarianas, as mulheres quando iam dar a luz e não havia passagem para a criança, era praticamente uma sentença de morte tanto para a mãe como para o bebe, então para que pelo menos a criança sobrevivesse, eles abriam o ventre da mãe e tiravam o bebe, mas não havia nenhum perspectiva de que a mãe pudesse se recuperar por causa da precariedade da medicina, então por isto ele pode matar Macbeth, afinal não era nascido de parto normal.

Em linhas gerais esta é a resenha da narrativa, mas é lógico que esta pobre resenha nem arranha o conteúdo profundo e inquietante da obra de Shakespeare.

Macbeth é muito incômodo, porque ele revela o caráter da maldade humana, aquela maldade oculta que de repente surge numa ambição desenfreada de poder. Lembrando que as bruxas não colocaram o punhal na mão de Macbeth, nem sequer disseram que ele deveria matar o rei para tomar seu lugar, elas simplesmente afirmaram que Macbeth seria rei, e todo o resto, e todos os crimes que ele cometeu surgiram em sua própria mente. O que está diante de nós o fato de que muitas vezes não somos responsáveis pelas informações que chegam até nós, mas somos responsáveis com o que faremos a partir destas informações.

Mais interessante é pensarmos nisto quando nos lembramos de que Banquo estava junto quando Macbeth encontrou as três bruxas pela primeira vez, e a respeito de Banquo também foram feitas profecias, as quais se cumpriram séculos mais tarde na casa dos Stuarts que como dissemos no início era a família que unificou a coroa escocesa e inglesa. Contudo Banquo nem seus descendentes precisaram matar ninguém ou mesmo fomentar algum instinto cruel para que a profecia das bruxas se concretizasse, muito pelo contrário ele foi vítima de Macbeth, Então Banquo ouviu palavras semelhantes mas nada disso o motivou a cometer atrocidades, e creio que a presença dele na cena junto com Macbeth foi pensada por Shakespeare exatamente para mostrar que toda a crueldade que surgiu em Macbeth a partir daquele encontro com as bruxas foi uma escolha pessoal de Macbeth.

Poderíamos até dizer que as bruxas catalizaram algo que já havia dentro de Macbeth, isto é, elas apenas fizeram despertar um desejo de poder e uma maldade potencial que estava adormecida dentro dele.

Como disse, interessante pensarmos que no fim deste mesmo ano de 2015 duas obras que parecem tão diferentes chegaram ao cinemas no Brasil, mas se pensarmos bem em Macbeth  é o perfeito exemplo de como pode surgir dentro de um ser humano o "Lado negro da força". Acho até que George Lukas poderia ter usado ele para sua segunda trilogia fracassada, isto porque George Lukas foi muito bem sucedido quando criou a primeira trilogia, mas depois quando anos mais tarde ele tentou contar como o promissor Skywalker se tornou o cruel Dart Vader, foi um fiasco, esta segunda trilogia foi lastimável. Penso que se ele fizesse algo parecido com o Macbeth galáctico, seria um sucesso, pois Shakespeare foi perfeito nesta peça, demonstrando como uma pessoa pode se tornar um monstro se deixar o desejo de poder desenfreado tomar sua mente e seu coração.

Resultado de imagem para macbethAs bruxas apenas fomentaram nele o desejo de poder a partir da informação de que ele seria rei, a partir dai foi uma cataclisma de crueldade, onde um abismo trazia outro abismo conforme diz a bíblia, era um crime para acobertar outro e um crime para calar o anterior, e assim as mãos Macbeth vão se enchendo de sangue. A morte de Macbeth também é icônica, ele perdendo a cabeça, pois o simples desejo do poder pelo poder, já havia feito ele perder a cabeça,  

Shakespeare chama a atenção do potencial de maldade que todos carregamos, e por mais que queiramos terceirizar a culpa atribuindo nossas atitudes destrutivas às bruxas, que aqui estão simbolizando forças espirituais do mal, o fato é que mutas vezes nós é que damos vazão a um desejo desenfreado que toma nossa mente e nosso coração cauterizado nossa consciência a ponto que toda a nossa civilidade e toda nossa humanidade dão lugar a selvageria.

Além disso, Shakespeare destrincha com perfeição a culpa e o remorso, não se trata de arrependimento, pois arrependimento é a ideia de mudança de atitude ao se perceber que se vai na direção errada, mas no caso de Macbeth, é a culpa, e uma culpa tão corrosiva que tira o sono primeiro de Macbeth, e depois de sua esposa, a ponto que só existem duas possibilidades, ou uma total frieza e insensibilidade ou a morte por remorso, "Aqui ainda há odor de sangue, Nem todo perfume da Arábia a deixaria cheirosa"  Lady Macbeth Ato V cena I.

Me faz lembrar um texto bíblico do livro de Salmos capítulo 4 verso 8 onde o autor diz, "Em paz me deito e logo adormeço" numa referência que o autor deste Salmo faz no sentido de que tem sua consciência tranquila, revelando que desde a antiguidade que o chamado peso na consciência tirava o sono de muita gente que se revolvia em culpa.

Para não ser destrupido pela culpa e pelo remorso Macbeth se torna totalmente insensível. "Quase esqueci que gosto que tem o medo" Macbeth Ato V cena V 

Por fim é muito importante percebemos que estamos diante de uma grande metáfora, "dois homens voltando da batalha encontram três bruxas, e um deles é terrivelmente influenciado pelo que ouve delas". Esta é uma grande metáfora Shakeaspereana, são homens lutando pelos seu país, por suas vidas, e sendo Macbeth primo do rei, ele estava lutando também por sua família. É a luta do dia a dia, em que enfrentamos várias adversidade, e muitas vezes cruzamos o caminho de bruxas, que representam agentes do mal, pessoas que nos fazem rever tudo aquilo pelo que lutamos.

A culpa de Macbeth foi dar ouvidos as bruxas, e depois ouviu sua mulher que incentivou ele matar o rei, e partir dai foi uma sucessão de mortes, ele ouviu sua vaidade, ouviu sua cobiça, ouviu sua ambição e seu desejo pelo poder.

A verdade sobre nossos sentidos é que eles são seletivos, vemos o que queremos ver, ouvimos o que queremos ouvir, nossa audição é sim seletiva, nós escolhemos quem ouvimos. É fácil perceber isto, diga a uma criança que ela tem que fazer o dever de casa, provavelmente você será ignorado, diga a esta mesma criança que ela ganhará um presente, e de pronto ela vai ouvir. Desde muito cedo aprendemos a dar ouvidos ao que queremos.

Sendo assim somos nós que escolhemos quem queremos ouvir. Pensando sobre isto, agora faz todo o sentido o que disse Jesus Cristo ceta vez: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem" (Evangelho segundo João capítulo 10 verso 27), Esta palavra de Cristo se refere ao fato de que enquanto existem pessoas não creem nele, e outras pessoas que se dizem cristãos mais ouvem apenas a si mesmos, existem aqueles que por opção, creem nele e o ouvem, e estes são suas ovelhas, seria o mesmo que dizer que as ovelhas dele são as pessoas que escolheram ouvir a ele e é assim que ele as distingue.

Se somos nós quem escolhemos a quem ouviremos, a metáfora que Shakespeare se desenrola nesta perspectiva, pois em nossas vidas nas nossas lutas do dia a dia, o tempo todo cruzamos com pessoas, e muito nos é dito, o tempo todo nos chegam informações, mas a quem daremos ouvidos, esta é uma opção nossa.

Seduzido pela vaidade Macbeth deu ouvidos a forças obscuras que ele tinha dentro de si. Paulo Coelho certa vez contou em um de seus livros de que uma lenda indígena narra que dentro de nós existe um cão raivoso e um cão manso, e eles lutam entre si, e que ganha o cão que nós alimentamos. Talvez a questão não seja quem alimentamos, mas quem ouvimos, quem escolhemos ouvir.





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